Amamentação: 8 possíveis complicações

Existe só uma coisa que pode garantir uma amamentação de sucesso: acreditar em você! Acreditar que o seu leite é suficiente, é forte e perfeito!

Para isso, entretanto, é preciso muito estudo e muita leitura, para realmente confiar que o seu corpo sabe produzir exatamente o que o seu filho precisa.

amamentação e possíveis complicações
A preparação ideal para uma amamentação tranquila é ler, estudar, portanto, deixo possíveis complicações para que você possa estar melhor preparada.

1- INGURGITAMENTO MAMÁRIO

Retenção de leite, distensão, compreensão dos ductos, obstrução do fluxo de leite.

Durante a amamentação acontece uma congestão vascular com leite retido na mama.

Não confunda apojadura com ingurgitamento mamário

A apojadura acontece entre o terceiro e quinto dia pós-parto, mas pode variar dependendo . Ocorrerá naturalmente, mas pode ser antecipada para primeiro dia dependendo da eficácia da mamada do bebê.

Na apojadura pode apresentar inchaço das mamas, vermelhidão, mamas quentes, dor no corpo, fadiga, febre e calafrios. Esses sintomas costumam durar de 2-3 dias. Pode ficar mais difícil para recém-nascido sugar.

Causas de ingurgitamento mamário

  • Início tardio da amamentação;
  • Mamadas infrequentes;
  • Restrição da duração e frequência de mamadas;
  • Uso de outros leites;
  • Técnica incorreta;
  • Uso de concha.

Tipos de ingurgitamento mamário pela localização

  • Periférico: somente no corpo da mama, não impede a mamada;
  • Areolar: dificuldade na pega impedindo esvaziamento adequado da mama, o que piora o ingurgitamento.

Classificação dos ingurgitamentos mamários

  • Ingurgitamento fisiológico: sensação de inchaço das mamas, que se resolverá com a drenagem da mama.
  • Ingurgitamento patológico: distensão excessiva, desconforto, febre, mal-estar, vermelhidão local, mamas edemaciadas e brilhantes. Mamilo endurecido ou achatado, leite não flui.

Como prevenir o ingurgitamento mamário?

  • Amamentar o quanto antes;
  • Amamentar em livre demanda;
  • Prestar atenção à técnica de amamentação;
  • Usar suporte para as mamas com alças largas e firmes, sem pontos de retenção (evite os sutiãs com abertura triangular);
  • Evitar o uso de complementos sem necessidade;
  • Variação de posições ao amamentar.

Tratamento do ingurgitamento mamário

  • Massagem circular na mama, iniciando do centro para extremidades;
  • Banho morno;
  • Técnica da pressão reversa;
  • Ordenha manual antes da mamada;
  • Drenar a mama com maior frequência e eficácia com o bebê ou bomba;
  • Analgésicos se necessário;
  • Folhas de repolho verde congelado entre as mamadas;
  • Acupuntura.

Compressas quentes ou frias?

Caso não sejam bem utilizadas e no tempo recomendado pode piorar os sintomas.

Compressa morna

  • Promove vasodilatação;
  • Alivia a compressão local;
  • Aumenta o volume de leite nos ductos;
  • Facilita a ejeção de leite.

Após fazer a compressa morna precisa drenar imediatamente o leite (com o bebê mamando ou com bomba ou manual) e depois colocar uma compressa fria por pouco tempo. Oriento usar apenas se o leite não está fluindo sem o uso dessa compressa.

Compressa fria

  • Vasoconstrição temporária;
  • Redução do fluxo sanguíneo;
  • Redução do edema;
  • Aumento da drenagem linfática;
  • Não devem ser utilizadas por longo tempo.

Oriento primeiro colocar a compressa morna e depois drenar o leite e logo após a compressa fria.

Como usar o repolho verde (compressa fria)

Tirar a folha do repolho inteira e lavar em água corrente.

Cortar um buraco no meio. Colocar no freezer até congelar.

Usar a folha em contato direto com a mama, por dentro do sutiã, sem contato com a aréola.

A folha de repolho é algo prático para auxiliar durante a amamentação.
Deixar por 10 minutos ou até que a folha fique molhada ou sinta as mamas menos rígidas. Repetir 3-5 vezes ou sinta as mamas menos rígidas.

Como fazer compressas mornas?

Pode usar placa de gel (aquece no micro-ondas ou na água quente) ou fralda na água quente.

As compressas mornas podem ser úteis durante a amamentação

2- TRAUMAS MAMILARES

Entre os trauma mamilares temos os edemas, fissuras, rachaduras, bolhas, equimoses, escoriações ou erosão.

O que pode causar trauma mamilar?

  • Posicionamento e pega inadequada;
  • Mamilos curtos ou planos, invertidos, hipertróficos ou pouco elásticos;
  • Disfunções orais ou motoras do bebê;
  • Freio de língua curto;
  • Sucção não nutritiva prolongada;
  • Uso impróprio de bomba e outros apetrechos;
  • Não interrupção da sucção do bebê antes de retirá-lo do peito;
  • Uso de cremes ou óleos nos mamilos;
  • Exposição prolongada a forros úmidos;
  • Emocional.

Como prevenir traumas mamilares?

  • Técnica correta ao amamentar;
  • Avaliação oral do bebê;
  • Não utilizar produtos de higiene nos mamilos;
  • Checar flexibilidade da aréola antes da mamada e não oferecer peito ingurgitado;
  • Introduzir o dedo pela comissura labial do bebê caso precise interromper a mamada.

Como aliviar os traumas mamilares?

  • Correção da técnica;
  • Começar a mamada pelo seio menos machucado;
  • Fazer ordenha manual rapidamente antes da mamada;
  • Alternar diferentes posições de mamada;
  • Utilizar conchas protetoras de seios (risco de candidíase, garroteamento) ou rolinho de fralda somente para não deixar a área afetada encostar em tecidos;
  • Analgésicos via oral;
  • Discos de gel frio;
  • Placas de gelo enroladas em toalha colocada em cima do mamilo por 2 minutos antes da mamada.

O que posso usar para proteger o mamilo ferido do contato com a roupa?

Qualquer uma das opções abaixo deve ser usada por pouco tempo e com muito cuidado para diminuir o risco de complicações.

Risco: candidíase, garroteamento.

  • Conchas de silicone de base flexível
  • Rosquinhas ou fraldinha enrolada
  • Protetores de seio descartável ou reutilizável ou com gel (sensação fria pode dar mais conforto).

Tratamento dos traumas mamilares

  • Usar leite materno ordenhado após as mamadas;
  • Pomadas a base de lanolina devem ser evitadas por ser oleosa e apresentar risco de obstrução do ducto. Caso prefira usar oriento usar uma pequena quantidade em cima da ferida após a mamada.
  • Aplicação de laser de baixa frequência em alguns casos.

3- FENÔMENO DE RAYNAUD

O fenomeno de Raynaud é uma das complicações durante a amamentação
É a isquemia intermitente causada por vaso espasmo, geralmente em extremidades como nos dedos das mãos e pés, porém pode acometer os mamilos. Ocorre em resposta à exposição ao frio, compressão anormal do mamilo na boca do bebê ou trauma mamilar.

Causas de fenômeno de Raynaud

  • Doenças autoimunes;
  • Problemas circulatórios, pode ser também uma resposta secundária a dor ou trauma mamilar;
  • Causas não identificadas.

Sintomas do fenômeno de Raynaud

  • Palidez nos mamilos (falta de irrigação sanguínea);
  • Dor local.

Mais comum o surgimento após o término das mamadas.

É comum haver sequencias de espasmos com repousos curtos. Pode haver sensação de queimação quando o mamilo perde a cor.

Como prevenir o fenômeno de Raynaud?

  • Boa técnica ao amamentar;
  • Evitar uso de medicamentos como contraceptivos orais ou fluconazol;
  • Evitar cafeína e medicações com ação vasoconstritora.

Como fazer o tratamento do fenômeno de Raynaud?

  • Aplicar calor local seco imediatamente após a mamada. Oriento colocar 1 minuto e observa se melhorou os sintomas para fechar o diagnóstico;
  • Evitar o contato do mamilo com ar frio;
  • Aquecer pouca quantidade de azeite ou próprio leite com os dedos e massagear sobre os mamilos ao sentir a queimação;
  • Massagem peitoral vigorosa imediatamente após a mamada;
  • Algumas vitaminas com B6 e outras do complexo B, cálcio e magnésio;
  • Analgésico para crises de dor;
  • Nifedipina seria uma opção após orientação médica.

4- CANDIDIASE MAMÁRIA

Infecção da mama por cândida albicans, que pode ser superficial ou atingir os ductos.

Causa de candidíase mamária

  • Mamilos lesionados em ambiente úmido, escuro ou quente;
  • Uso de antibiótico, anticoncepcional;
  • Baixa imunidade;
  • Chupeta;
  • Candidíase vaginal.

Sintomas de candidíase mamária

  • Coceira, queimação, fisgadas nos mamilos que persistem após a mamada;
  • Os mamilos costumam apresentar-se vermelhos, brilhantes, mais claros que o resto da aréola;
  • Ardência e fisgadas dentro das mamas são queixas comuns, assim como sensação de facadas ou espetadas de dentro para fora das mamas;
  • No bebê aparece através de crostas brancas na área interna da boca, gengivas e língua.

Prevenção de candidíase mamária

  • Manter os mamilos secos e arejados;
  • Expor os mamilos à luz por alguns momentos do dia;
  • Evitar o uso de bicos artificiais, conchas;
  • Lavar roupa íntima com água quente.

Tratamento de candidíase mamária

  • Sempre após avaliação médica.
  • Laser de baixa frequência;
  • Analgésico oral;
  • Se não eliminar os bicos, ferver por 20 minutos pelo menos 1 x ao dia;
  • Evitar açúcar, farinha, carboidratos;
  • Probióticos para a mãe e o bebê;
  • Tratar ambos (mãe e bebê).

5- ENTUPIMENTO DE DUCTOS

Entupimento de ductos é uma outra complicação comum da amamentação

Causas de obstrução de ducto

  • Esvaziamento irregular da mama;
  • Sucção inefetiva do bebê;
  • Pressão local em uma área;
  • Alimentação muito gordurosa.

Sintomas de obstrução de ductos

  • Nódulos mamários sensiveis e dolorosos sem outros sintomas;
  • Calor e vermelhidão na área (sem febre);
  • Pode ter pontos brancos na ponta do mamilo (espinha com pus) muito doloroso durante as mamadas.

Prevenção de obstrução de ductos

  • Técnica correta de amamentação;
  • Drenagem eficaz das mamas;
  • Uso de sutiãs compatíveis com o tamanho da mama;
  • Evitar o uso de cremes nos mamilos.

Tratamento de obstrução de ductos

  • Amamentar com frequência em posições diversas.
  • Calor local e massageando na região atingida. Ideal não cutucar. Não faça um buraco.
  • Remover o ponto branco do mamilo com toalha molhada após o banho. Nem sempre tem ponto branco.
  • Colocar o bebê na cama ou em uma superfície rígida e mais baixa que o corpo da mãe e amamenta de 4 apoios.

6- MASTITE

Processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama. Pode ou não ter uma infecção bacteriana. Aumento da pressão interna dos ductos por estase do leite induzindo uma resposta inflamatória dos tecidos.

Causas de mastite

  • Mamadas com horários fixos;
  • Redução súbita de mamadas;
  • Uso de bico;
  • Esvaziamento incompleto das mamas;
  • Pressão em alguma área da mama;
  • Freio de língua curto;
  • Sucção débil;
  • Produção excessiva;
  • Entrada de bactérias por fissuras;
  • Ductos obstruídos;
  • Fadiga materna.

Sintomas de mastite

  • Mamas dolorida, endurecida, edemaciada, avermelhada e quente.
  • A bacteriana geralmente é acompanhada de mal-estar, febre alta, calafrios e dor no corpo. Geralmente unilateral, e o quadrante mais afetado é o superior externo.

Geralmente acontece nas 6 primeiras semanas pós-parto, podendo ocorrer em qualquer momento da lactação.

O leite pode ficar mais salgado e o bebê rejeitar.

As pessoas tratadas com antibióticos ficam mais suscetíveis a cândida

S. aureus é a bactéria mais frequentemente encontrada nas infecções.

Antibióticos de escolha: dicloxacilina, amoxicilina, cefalosporina, clindamicina ou eritromicina. Sempre após avaliação médica.

Tratamento da mastite

  • Aumento da frequência da amamentação;
  • Retirada manual do leite após as mamadas se necessário;
  • Bebê deve mamar com queixo em direção oposta a área afetada;
  • Massagear a mama durante a mamada para ajudar a drenagem;
  • Repouso da mãe;
  • Ibuprofeno para dor e inflamação;
  • Aumentar a ingestão de líquidos;
  • Calor local pode ajudar a drenar o leite, sem excessos, frio ou repolho após mamadas;
  • Antibiótico 10-14 dias caso não melhore.

Como prevenir a mastite?

  • Boa técnica ao amamentar;
  • Evitar grandes intervalos entre as mamadas ou modificações abruptas no padrão de mamadas;
  • Evitar uso de sutiãs muito apertados;
  • Repousar durante o dia sempre que possível;
  • Delegar tarefas e compartilhar os cuidados do bebê;

7- ABSCESSOS MAMÁRIO

Alguma área da mama permanece com nódulo ou endurecida, avermelhada e flexível apesar de boa drenagem, pode haver um abscesso.

Pode requerer aspiração com agulha e ultrassom para identificar a área e fluidos retidos, com prováveis repetições.

Em caso de abscessos grandes ou múltiplos, há necessidade de drenagem cirúrgica. Após a drenagem pode amamentar neste seio.

Ao amamentar colocar o queixo do bebê do lado comprometido.

Mais comum comprometer o quadrante superior externo.

8- HIPOGALACTIA

Como prevenir a hipogalactia?

  • Boa técnica de amamentação;
  • Livre demanda;
  • Boa alimentação e hidratação materna;
  • Repouso da mãe;
  • Oferecer as duas mamas a cada mamada;
  • Taxas hormonais adequadas.

Como tratar a hipogalactia?

  • Melhorar a pega ou efetividade do bebê;
  • Aumentar a frequência de mamada;
  • Protocolo de estimulação com bomba elétrica pós mamada ou estímulo power pump;
  • Técnica de compressão da mama;
  • Evitar o uso de bicos artificiais;
  • Repouso;
  • Galactogogos após avaliação médica como por exemplo a domperidona, ocitocina nasal

Alimentos galactogogos

  • VEGETAIS: folhas verdes escuras, folhas de moringa, cenoura, beterraba, aspargos, batata doce.
  • FRUTAS: damasco, tâmara, figo, mamão verde cozido, nectarina, pêssego, ameixa, cereja
  • GORDURAS SAUDÁVEIS: manteiga, óleo de coco, óleo de linhaça, azeite de oliva, óleo de gergelim.

Referência:

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Edilene Oliveira - Doctoralia.com.br
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