Devemos tratar cada criança individualmente respeitando seus limites. Neste texto vou falar sobre o sono normal e sobre os principais transtornos do sono das crianças.
Durante a consulta de puericultura devemos orientar aos pais sobre o padrão normal do sono das crianças nas diferentes faixas etárias e de como agir para favorecer hábitos de sono saudável. A higiene do sono ajuda a prevenir os distúrbios do sono de origem comportamental.
O que é sono?
O sono é um estado de comportamento do cérebro em que podemos estar dormindo (sono) ou acordados (vigília), de caráter reversível e com características próprias (não devemos comparar as pessoas).
Quais são as fases do sono?
Durante o sono, o corpo passa por fases e estágios, completamente diferentes entre si, que se intercalam.
Há duas fases de sono: REM (R: rapid E: eye M: movement), e Não-REM (Non rapid Eye Movements).
Estágios:
• Vigília (acordado): é o momento em que interagimos com o ambiente de forma máxima;
• REM: intensa atividade cerebral. Fase que concentra maior parte dos sonhos (sono profundo).
• Não-REM: interação parcial com o ambiente (sono superficial).
Por que os bebês acordam várias vezes?
Bebês passam 50% em REM (sono profundo) e 50% em sono NREM (sono superficial), os adultos passam por volta de 75% do seu sono no modo NREM, ou seja, bebês tem mais sono REM, por isso precisam de mais horas de sono e precisam dormir, às vezes, de tempos em tempos (dia e noite). Por isso consideramos que uma boa soneca é aquela que passa por ambos os ciclos, ou seja, dentro de 1 hora o bebê passa em média, 30 minutos em sono leve e 30 minutos em sono profundo.
Como avaliamos o sono infantil?
- Ambiente adequado
- Bons hábitos da família ou cuidador
- Rotina adequada
Quando o bebê dorme ele organiza e vai processando tudo o que aprendeu (respirar, a fazer xixi e cocô, chorar, mexer as mãos, sorrir, mamar, engatinhar, andar, falar e etc). Sem um sono restaurador e com eficiência, algumas informações podem se perder.
As crianças, assim como os adultos, precisam respeitar a necessidade diária do sono. Compensar no fim de semana diminui o cansaço, mas não refaz mecanismos da fisiologia corporal que foram suprimidos durante o sono insuficiente.
Por que a rotina é importante?
A rotina é um dos aspectos principais para o desenvolvimento da autonomia da criança, já que a torna mais segura. É através dessa rotina que a estrutura psíquica e física da criança se organiza.
Ter prazos e horários estabelecidos traz tranquilidade e confiança para os pequenos, fazendo com que eles não se sintam tão ansiosos.
É mais provável que uma criança organizada consiga se organizar também internamente.
Quando se estabelece os horários da rotina diária, evita-se a formação de uma geração de jovens e adultos irresponsáveis, desorganizados e ansiosos.
É importante melhorar os hábitos?
Toda mudança de hábito é desconfortável, por isso o bebê vai sentir desconfortos nos primeiros dias da nova rotina.
O importante é não deixar o bebê chorando sozinho, afinal ele não tem maturidade para entender que a mamãe está no quarto do lado ou na sala, por exemplo.
Durante o processo de mudança de rotina sugiro não deixar o bebê chorando sozinho até que ele se canse.
Os bebês não falam, mas entendem nossas expressões. Devemos falar quantas vezes forem necessárias para ir exercitando a repetição.
Sugiro repetir os hábitos que desejamos implementar várias vezes por vários dias até que ele entenda a nova rotina.
O choro em alguns momentos é inevitável, então quando acontecer, um adulto deve estar ao lado do bebê tentando acalmá-lo e passando segurança a ele, dessa forma o choro do bebê será por um único motivo “a perda de um hábito” e não por também estar se sentindo abandonado e sozinho.
É importante que quando se inicie o processo os pais estejam dedicados 100%. É muito complicado fazer 2-3 dias e depois não fazer 1, ou fazer de segunda a sexta e nos finais de semana abrir mão.
Veja um bebê de 6 meses, ele está a vida toda dele dormindo de um jeito, então não será em uma semana que vamos ter resultados positivos.
Podemos evitar maus hábitos?
Segundo especialistas, os bebês começam a formar sinapses dentro da barriga da mãe.
É através das sinapses que criamos hábitos de SONO, o modo de um bebê adormecer por exemplo é um deles, e assim criamos bons hábitos como também maus hábitos. Ou seja, adormecer mamando, no colo, sendo ninado, com chupeta, na cama dos pais, mexendo no cabelo da mãe, entre outros…são considerados maus hábitos de sono, fazendo com que a criança acorde várias vezes durante a madrugada e que não consiga adormecer por conta precisando sempre de um estímulo externo para dormir.
Quando você repete uma ação muitas vezes o cérebro cria um caminho neural que envolve os atos de pensar, sentir e agir.
É importante saber que o sono do bebê muda a cada 3 a 4 meses conforme vão adquirindo grandes novas habilidades, o que pode gerar novos desafios ao longo da infância em seu padrão de sono.
Como estabelecer bons hábitos de sono (4 meses a 5 anos)
- Organize o dia do bebê
Organize os horários das sonecas e da hora da cama. Não é preciso rigidez, mas mantenha razoavelmente a rotina de horários de forma regular.
- Corrigir a hora de dormir
Crianças exaustas demoram 20% mais tempo para voltar a dormir. Bebês que dormem antes das 20h dormem significativamente mais tempo.
- Diminuir atividade antes da cama (higiene de sono)
Trinta a sessenta minutos antes de colocar o bebê para dormir, diminuir as luzes da casa, desligar televisão, realizar atividades tranquilas – banho, massagem, contar histórias, música.
- Associação
Evitar associações para dormir como por exemplo: andar de carro, apenas sendo ninado, mamando, sling, na cama dos pais, assistindo tv entre outros.
Como melhorar o sono noturno
- Ritual Noturno
Faça o ritual do sono com todo o carinho, mas tenha sempre em mente que a meta é fazer o bebê se sentir seguro e amado para dormir tranquilo.
- Esgote as energias da criança
Dependendo da criança, pode funcionar deixá-la descarregar toda energia que tiver sobrado do dia, para que depois ela consiga descansar mais tranquila. Depois, troque a atividade por alguma coisa bem mais calma, como um banho e uma história, para então colocá-la na cama.
- Faça uma massagem
Antes ou depois do banho, pode massagear o bebê com movimentos suaves e óleo ou hidratante especiais para bebê.
- Cuide da higiene
- Hábito de escovar os dentes (atualmente indicado após o início da introdução alimentar ou na presença do primeiro dente).
- O pijama também ajuda a estabelecer a sinalizar a hora de dormir e de acordar para o bebê e para os pais.
- Cante para o bebê
Canções de ninar são um método infalível para fazer bebês dormirem, se a mãe gosta de ninar o bebê no colo, cante uma música segurando-o e depois coloque-o no berço sonolento e cante mais um pouco.
- Verifique o conforto noturno do bebê
Vestir o bebê de acordo com a temperatura ambiente, tomando cuidado para ele não sentir frio nem calor.
Por que é importante a criança adormecer onde vai dormir?
A medida em que mudamos de um ciclo para o outro experimentamos breves despertares e a cada dois ou três ciclos esses despertares são mais significantes, porém o adulto reconhece o lugar que está e volta a dormir. Por isso é importante que as crianças adormeçam e acorde no mesmo lugar. Muitos bebês que não sabem se colocar para dormir sozinhos, costumam despertar a cada duas ou três horas.
Por volta dos 9 meses o padrão de ciclos de sono do bebê vai se modificando e amadurecendo, chegando mais próximo ao ciclo de sono do adulto. Por isso dizemos que fisiologicamente os bebês têm condições de dormir à noite inteira após os 9 meses (variando com cada rotina e criança).
Por que dormimos?
As funções do sono ainda são alvo de muita pesquisa no mundo inteiro. Mas hoje já são conhecidas algumas, destacadas a seguir:
• Desenvolvimento e maturação do cérebro;
• Modulação da defesa imunológica;
• Consolidação da memória e atenção;
• Conservação de energia;
• Desintoxicação.
O que acontece enquanto dormimos?
Dormir é um momento de muita ação na fisiologia corporal, com ação de hormônios, crescimento e amadurecimento de células, depuração de substâncias, entre outros mecanismos.
Os hormônios são substâncias que se ligam a células específicas e executam certas funções no corpo. Durante o sono, há liberação desses agentes químicos que podem inibir ou executar ações.
Principais queixas de sono
- Meu filho demora muito tempo para adormecer:
Considerado muito tempo quando demora mais de 1 hora
- Meu filho acorda muito cedo:
Considerado acordar muito cedo se for antes das 6:00 horas, porém depende do horário que essa criança iniciou o sono.
- Meu filho acorda com frequência durante a noite:
Geralmente de 0 a 3 meses aceitável despertar a cada 2/3 de horas, após esse período o ideal é o sono ir espaçando.
- Meu filho não faz soneca ou, quando o faz, são muito curtas:
No geral uma boa soneca deve durar mais de 1 hora. Menos de 50/60 minutos são sonecas curtas
- Meu filho só dorme mamando:
Existe a associação/ mamadas indutoras de sono, que podemos trabalhar na rotina para modificar. Sendo importante considerar que isso é normal nos primeiros 3 meses de vida.
- Meu filho acorda na madrugada e demora para dormir:
Oriento ir para o quarto do bebê antes do horário dele acordar e observar se existe algum motivo para esse despertar: barulho do vizinho, luz do sol, luz do ar, algum objeto que brilha no quarto, etc.
Qual melhor horário para as crianças dormirem?
• A melatonina é um neuro-hormônio ligado à regulação do sono, participando da organização dos ritmos biológicos, atuando na resposta do organismo em relação às mudanças do ambiente (ciclo dia/noite ou claro/escuro).
Para que seja produzida, a melatonina necessita de um ambiente escuro, por isso sua maior liberação ocorre no período noturno (pico entre 3-4 da manhã). Já durante o dia, os níveis de melatonina encontrados no sangue são muito baixos.
Assim sendo, à medida que o sol vai se pondo e começa a escurecer, a produção e a secreção de melatonina começam a aumentar, sinalizando para o corpo que é o momento de descansar. Dessa forma, colocar um abajur ou deixar uma luz acesa enquanto a criança dorme atrapalha o sono dela, pois pode inibir a liberação de melatonina. Sendo assim o melhor horário para colocarmos as crianças para dormir é por volta das 19:00/20:00. As vezes as famílias não conseguem colocar as crianças para dormir devido diversos motivos, por isso a importância de individualizar a rotina de cada família.
A glândula pineal não é bem desenvolvida em bebês e, por isso, sua melatonina é produzida de forma muito irregular, o que acaba tornando o seu sono imprevisível.
A melatonina é sintetizada a partir de um aminoácido, o triptofano (indutor do sono), que pode ser encontrado em alimentos ricos em proteínas, como as carnes, derivados de leite e ovos. O leite materno é rico em triptofano.
Por que algumas crianças acordam tão cedo?
Ao dormir, o corpo apresenta baixos níveis sanguíneos do hormônio cortisol. Por outro lado, o pico máximo acontece pouco tempo antes de acordar, consideramos o cortisol como nosso despertador, dessa forma o horário mais comum para as crianças acordarem é por volta das 6:00/7:00 horas da manhã.
Quando um bebê apresenta sentimento de raiva ou cansaço extremo durante o dia tem mais “stress” na hora de dormir, fazendo que que seu nível de adrenalina (energia) chegue mais alto ainda durante a noite e assim o sono não será restaurador.
Como melhorar o sono de crianças que acordam muito cedo
Observe se esse muito cedo é antes do horário que fisiologicamente é normal.
- Ajustar a hora da cama
A maioria dos bebês e crianças dormem melhor e por mais tempo quando vão para cama mais cedo. Quanto mais exausta está a criança mais cedo será o despertar.
- Diminuir exposição à luz
Se houver luzes penetrando no quarto provenientes da rua ou do sol matinal, uma “dica” simples é usar cortinas pesadas.
- Observar
Se sabe o horário que a criança sempre acorda vá para o quatro da criança uns 20 minutos antes e observe o que acontece.
É importante dormir para crescer?
O hormônio do crescimento (GH) atinge sua secreção máxima durante o sono. Sua liberação acontece em forma de pulsos, sendo que a frequência e a quantidade de hormônio variam conforme a idade (maiores em crianças e adolescentes). Suas principais funções estão relacionadas ao crescimento dos tecidos, metabolismo das proteínas e gorduras.
Na infância cerca de 90% do hormônio do crescimento é liberado durante o sono e crianças que têm dificuldade para dormir têm mais chance de ter problemas no seu desenvolvimento físico. Ele é o hormônio responsável não só pelo crescimento da criança, mas também ajuda a manter tônus muscular, evita o acúmulo de gordura e a fragilidade dos ossos, dando mais disposição.
Dormir mal pode engordar?
As noites mal dormidas diminuem a liberação do hormônio leptina (hormônio da saciedade), esse hormônio tem como uma de suas funções, a de proporcionar sensação de saciedade, e aumentam consideravelmente o hormônio grelina que é responsável pela fome. Ou seja, a leptina é um hormônio que controla a fome e que favorece a saciedade, e ela é apenas secretada durante o sono profundo. Por isso, quem dorme mal sente mais fome.
O sono do recém-nascido
Bebês recém-nascidos dormem cerca de 16-18 horas por dia, distribuídas durante o dia. À medida que crescem e se desenvolvem, o período de sono diminui.
Os recém-nascidos precisam mamar a cada duas ou três horas, então não se pode esperar que eles durmam a noite toda por meses.
Recém-nascidos (0-3 meses) se sentem confortáveis quando o ambiente parece similar ao ventre materno. Enrolando o bebê, um pouco de balanço, isso tudo faz o bebê se sentir seguro.
Não é indicado implementar uma rotina para o recém-nascido, pois ele ainda não tem maturidade neurológica para isso, mas podemos iniciar desde o primeiro dia de vida, um ritual noturno que vai ajudar o bebê a dormir melhor.
Cama compartilhada
Nos últimos anos tem havido um aumento do uso da cama compartilhada e um aumento também da morte na cama dos pais.
A Academia Americana de Pediatria não recomenda a cama compartilhada, mas incentiva os pais a compartilharem o quarto com o bebê até o sexto mês de vida.
Não existe cama compartilhada segura: quando estamos dormindo nossos movimentos são inconscientes e involuntários.
De acordo com os pesquisadores, as crianças que “continuam” dividindo o mesmo cômodo com os pais por muitos meses tendem a dormir até 40 minutos menos que as demais, além de ter um sono com mais interrupções. Isso se dá devido a movimentação dos pais no quarto, exemplo:
- Levantar-se para ir ao banheiro, roncar, hábitos como ver televisão, luz do celular, conversa entre o casal e horários diferentes. Por mais que tenha relatos de pais afirmando que seus filhos dormem melhor na cama dos pais, não quer dizer que eles tenham um sono melhor, a criança acaba tendo despertares, mas volta a dormir com mais facilidade, pois nota a presença dos pais no ambiente, tendo assim seu sono prejudicado e interrompido.
No berço no máximo usar tela respirável protetora.
O berço deve ser retirado quando começa a ficar perigoso (escalar o berço).
Como fazer a transição do quarto compartilhado para o quarto do bebê?
Podemos iniciar orientando o quarto compartilhado no quarto do bebê. E depois de aproximadamente 5 dias deixa o bebê dormindo sozinho no quarto, retornando sempre que solicitado.
Enxoval e segurança no ambiente de sono
Síndrome da morte súbita: Acontece entre 0 mês e 1 ano, mais frequentemente entre 0 e 4 meses. As pesquisas revelam alguns fatores que podem reduzir este risco:
1. Colocar o bebê para dormir de barriga para cima; coloque o bebê na parte inferior do berço.
2. Não realizar cama compartilhada até 1 ano.
3. Fortalecer as costas e pescoço do bebê com exercícios – colocando-o de bruços sob a supervisão de um adulto;
4. Evitar o superaquecimento.
5. Evitar o uso de cobertores e bichos de pelúcia felpudos no berço. Caso deseje cobertor sugiro colocar da cintura para baixo. Vista o bebê conforme o clima: calça, meias, manga. Coloque o forro da cama em forma de envelope.
6. Evitar uso de travesseiros.
7. Evitar uso de protetores de berço.
8. Não dormir com roupas que tenham cordões ou fitas longas.
9. Coloque o bebê com a barriga para cima.
10. Se o bebê chorar sempre responda.
Quarto seguro do bebê
Oriento colocar o trocador afastado do berço, sem quadro no campo de visão da criança, coloque tapete antiderrapante, janela com blackout, sem almofada e cobertores, sem luzes nas paredes e teto.
Se o trocador é grudado na cama oriento evitar deixar objetos encima.
Travesseiro não é necessário em nenhuma idade. Caso queira usar, espere a criança rolar sozinha, levantar a cabeça, sustentar e chorar.
Temperatura do quarto depende de onde mora. No geral uma temperatura de 24-25 graus.
Ideal não ter brinquedo no quarto de dormir.
Trocador
Luz vermelha
Deixe quando possível o celular em modo avião porque tem a liberação de poluição eletromagnética.
Evite wi-fi dentro do quarto. Se possível desligue a rede.
Deixe a tomada longe da cama e da cabeça do bebê.
Sling
Canguru
Distância correta é a de um beijo na testa do bebê. Que tenha um bom suporte nas costas da mãe.
Carregar o bebê de frente para o ambiente é menos ergonômico. Deve ficar mínimo de tempo possível. Prefira sempre o bebê de frente para o cuidador.
Como estabelecer bons hábitos de sono (0 a 3 meses)
- Diferença entre dia e noite
- Ajudar o bebê a distinguir sono diurno e sono noturno (bebê que dorme muito de dia e a noite fica mais acordado) dando um banho toda noite antes de dormir (criar um ritual noturno), manter as mamadas da madrugada silenciosas e tranquilas. Nas trocas de fralda, evitar luzes intensas, não tirar o bebê do quarto após o ritual noturno. De dia deixar o bebê mais ativo.
- Não permitir que o bebê tire longas sonecas
- Se o bebê dormir muito durante o dia, por períodos de 3 a 5 horas consecutivas, acordará com frequência à noite.
- Ativando o reflexo de calma: Usando o swaddler (parece saquinho de dormir), o balanço e o ruído branco.
- Tentar deixar o bebê adormecer sozinho, colocando-o no berço quando parecer cansado, ainda estando acordado, porém sonolento. É necessário paciência pois nem sempre o bebê pegará no sono de imediato.
- Ruídos do sono: Os bebês quando dormem emitem sons, resmungam, choramingam, mas nem sempre estão acordados. Portanto, é importante não responder a cada ruído de sono. É preciso ouvir e observar o bebê atentamente.
Reflexo de moro pode interferir no sono?
Conhecido como “sustinho”, esse reflexo está presente desde o nascimento, o reflexo acaba por movimentar membros superiores e inferiores do bebê em apenas segundos (muito rápido e bruscamente).
Pode ser desencadeado por sons mais altos (ex: porta batendo), choro excessivo ou até espontaneamente no início da vida, mas ocorre principalmente quando o bebê perde o apoio da cabeça.
Quando o bebê já adormeceu e já se encontra no local em que dorme (berço/carrinho), dificilmente esse reflexo irá prejudicar a qualidade do sono, mesmo acontecendo em alguns momentos.
Talvez, o único momento que seria mais relevante no sono seria o momento em que o bebê sai do colo da mãe e vai para o berço/carrinho. Nesse momento o reflexo pode ocorrer, já que ele perde momentaneamente o apoio da cabeça, isso pode acabar despertando o bebê e ser confundido com “ele só dorme no colo” ou “o carrinho tem espinho”.
Algo importante a saber e compartilhar é que o reflexo de moro tende a ser mais intenso em recém-nascidos, perdendo ao longo do tempo, sua intensidade. Reflexo em qualquer momento (em bebês maiores de 4 m) devem ser encaminhados ao pediatra para avaliação neurológica.
A hipoglicemia pode interferir no sono?
A hipoglicemia é quando o açúcar no sangue (glicose) cai em um nível abaixo do desejado. A glicose é necessária para que haja energia disponível para nossas células trabalharem.
O bebê pequeno não consegue controlar os níveis de açúcar como nos adultos pela sua imaturidade. Eles conseguem controlar melhor a glicemia (nível de açúcar no sangue) geralmente após os três meses.
A depender do bebê, ele não poderá estender mais de três horas dormindo direto devido ao risco de hipoglicemia (principalmente abaixo dos 3 meses).
Já, por outro lado, existirão bebês que, com menos de 3 meses ou até mesmo 1 mês, já poderão seguir direto dormindo 4-5horas noturnas.
Uma consequência é o dano cerebral que a hipoglicemia pode causar.
Os sintomas no bebê pequeno geralmente são sonolência, déficit de sucção, bebê molinho (podem ser confundidos com sono e passarem desapercebidos), hipotermia, irritabilidade, tremores e convulsão são outros sintomas que podem ocorrer.
Precisa ou não acordar o bebê?
São avaliados muitos fatores para liberação ou não, tais como: quantidade de urina no dia, se o bebê está ativo, se ele suga bem.
O refluxo gastroesofágico (RGE) pode interferir no sono?
O primeiro ponto que devemos entender é que o RGE é uma condição e não necessariamente uma doença.
Crianças nascem imaturas com musculatura ainda flácida. São “molinhas” por fora, sem sustento da cabeça, por exemplo. E isso não é diferente dentro de seu organismo. O esfíncter esofágico inferior -EEI- (uma espécie de lacinho que fecha o estômago) nos bebês é mais flácido e aberto por mais tempo. Além disso, recém-nascidos passam todo o tempo deitados e só se alimentam de algo líquido. Esses três fatores: anatomia propícia + bebê sempre deitado + alimentação líquida fazem com que a maioria dos bebês tenha sim um pouco de refluxo ao nascer.
Quais os tipos de refluxo?
Refluxo fisiológico: O refluxo pode ser fisiológico, ou seja, ocorre por essa imaturidade do bebê e tende a se resolver sozinho, com melhora com o passar do tempo e consequente maturidade muscular do bebê, além de outros fatores. O RGE fisiológico não traz comprometimento para o desenvolvimento da criança, tais como perda de peso ou ganho de peso não adequado, irritabilidade excessiva, dificuldade durante a mamada ou alteração na qualidade de sono.
Além disso, é interessante saber que bebês podem regurgitar e que voltar pelo nariz pode ser normal, apesar de assustar.
Refluxo patológico: O RGE patológico ou doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) traz alguns comprometimentos ao bebê e costuma afetar diretamente o sono do bebê. Causa muita dor, o que gera muita irritabilidade, comprometendo o dia a dia da criança.
Refluxo Oculto: O refluxo oculto ocorre quando a criança não exterioriza o refluxo, ou seja, não tem regurgitações, porém apresenta sintomas indiretos de RGE.
Como o refluxo interfere no sono?
Quando a criança tem um refluxo ainda não compensado, mesmo que por vezes já medicado, ela tem um padrão de sono muito ruim.
Isso acontece pela piora do quadro ao se deitar e, crianças com refluxo por vezes, tendem a querer dormir no colo dos pais em posição mais ereta para terem melhor conforto no sono.
Há também o caso de crianças que tiveram um quadro de engasgo pós refluxo, o que assusta muito os pais. Nesses casos, os pais criam hábitos de sono ruins pelo medo do quadro ocorrer de novo.
Quais os riscos do refluxo para o bebê?
Um bebê com refluxo pode não ganhar peso bem, perder peso, ser mais irritado e ter dificuldade na mamada além de engasgos.
Se a criança estiver com um refluxo, ou ainda em investigação, ela pode ter mais despertares noturnos, pode ter dificuldade em dormir sem elevação ou só conseguir dormir no colo, o que acaba fazendo com que o hábito de adormecer no colo por exemplo ainda continue, mas as outras coisas podem ser trabalhadas.
A cólica neonatal pode interferir no sono?
A cólica acontece por uma imaturidade intestinal e faz parte do desenvolvimento da criança.
• Sintomas podem ir até os 5 meses (estendendo no máximo até 6 meses).
• Períodos recorrentes e prolongados de choro e irritabilidade que os pais não conseguem consolar.
Ela geralmente tem um pico de incidência as 18h, horário em que estaríamos iniciando o ritual do sono.
Ela também pode acontecer no meio da noite, causando exaustão e desespero nos pais que começam a criar hábitos ruins de sono.
Se a mãe diz que o bebê sente muitas cólicas, o que podemos fazer?
• Primeiramente diminuir a ansiedade dos pais (pais ansiosos têm bebês com mais cólicas);
• Evitar o overfeeding (dar mais leite que o necessário);
• Massagem abdominal em sentido horário, bicicletinha, sapinho “pulando”, Shantala. Fazer sempre antes da cólica;
• Diminuir os estímulos do ambiente no momento de crise de cólica;
• Contato pele a pele mamãe e bebê/papai e bebê (acalma e aquece);
• Compressa abdominal morna/banho de ofurô – chá de camomila na água ou óleos essenciais;
• Deitar o bebê em decúbito ventral (sempre supervisionado!);
• Segurar no colo, acalentar, segurar as mãos, sling;
• Movimento com ritmo, balanceio na perna (não agitar com os braços), tapinhas;
• Sons brancos (reconfortantes/de mesma frequência) – shiii;
Medicamentos: somente com prescrição médica!
Chupeta pode interferir no sono?
A chupeta é de fato um acessório que acalma a maioria dos bebês.
O choro é um meio de comunicação, ao colocar a chupeta de imediato na boca do seu filho, é o mesmo que não dar ouvidos ao seu chamado e não deixar com que ele se comunique. Além disso, especialistas afirmam que o uso da chupeta pode causar prejuízo na amamentação, otites frequentes, problemas dentais e na fala.
A chupeta é usada como indutor do sono e se torna um mau hábito fazendo com que os pais precisem acordar várias vezes na madrugada para devolver a chupeta para que o bebê volte a dormir, dessa forma a criança fica com seu sono prejudicado e os pais também, ou seja; a chupeta acalma, mas tem também os seus prejuízos.
E como então tirar a chupeta?
Depende da idade da criança. Se bebê pequeno e com pouco apego sugiro tirar bruscamente. Caso já faça parte da rotina sugiro as seguintes orientações.
1- Tente aos poucos. Reduza o tempo que a criança fica com o acessório, espaçando os intervalos;
2- Se usa prendedor para prender a chupeta na roupa, sugiro tirar;
3- Fazer um furinho ou cortar um pedacinho do bico;
4- Marque o dia final como uma meta e não volte atrás;
5- Tire a chupeta durante a noite também. Evitar que a criança adormeça com ela na boca;
6- Faça uma troca, converse com seu filho pois existe um apego emocional com a chupeta também, por isso uma troca pode ser bem interessante;
7- Falar apenas de boca vazia. Explique que você apenas conversa quando ele tirar a chupeta da boca;
8- Não desapareça com a chupeta. É importante que ele participe ativamente dos combinados;
9- Evite ter mais de uma chupeta. Quando uma faltar, não haverá opção. Explique por exemplo, que se a chupeta caiu no chão, ela só poderá ser colocada na boca novamente depois de lavada;
10- Distraia seu filho. Quando pedir a chupeta chame atenção dele para uma atividade que ele goste bastante evitando com que precise entregar a chupeta.
Dicas de livros sobre chupeta
- O balde de chupetas
- Tchau thau chupeta
- Julieta larga a chupeta
Sono de gêmeos
Sincronizar o sono de gêmeos exige um pouco mais de paciência até mesmo porque não existe uma fórmula mágica para isso.
Algumas recomendações:
1. Alimentar os bebês ao mesmo tempo ajuda a sincronizar também seu sono, se os bebês encherem juntos suas barriguinhas, provavelmente sentirão sono no mesmo horário.
2. Se um dos bebês for do tipo que grita, a mãe sentirá mais inclinada a cuidar dele antes, mas faça o contrário: certifique-se primeiro de que o mais calmo já está pronto para dormir.
Tente não se preocupar com a possibilidade de um bebê acordar o outro, se a mãe ficar agitada e nervosa certamente passará isso para os bebês.
3. É importante não deixar os bebês brincando dentro dos berços.
Salto de desenvolvimento interfere no sono?
Quando a criança aprende algo novo, adquire alguma habilidade nova ela quer treinar aquela habilidade exaustivamente, até mesmo enquanto deveria estar dormindo. Isso resulta com que o cérebro da criança fique “ligado” mesmo durante a noite, fazendo com que ela durma menos. Além disso, uma nova aquisição gera ansiedade no bebê, como tudo o que é novo e foge da rotina, fazendo com que ele fique mais apegado à mãe. Ao longo do tempo, essa habilidade nova vai dando prazer para a criança e a ansiedade vai indo embora.
Os saltos têm datas para ocorrer, mas, como tudo na infância, isso varia de bebê para bebê. Eles se tornam mais importantes no 3-4o mês e no 9o mês.
Existem crianças mais sensíveis e crianças que passam pelos saltos sem nenhuma alteração comportamental ou de qualidade de sono.
As datas podem variar conforme o desenvolvimento e individualidade de cada criança.
Picos de crescimento interfere no sono?
Os picos de crescimento também afetam a qualidade do sono. O ganho de peso não necessariamente será ganho de forma homogênea ao longo dos dias. Alguns dias desse mês ele ganhará mais peso e alguns dias ele crescerá mais que outros. Nesses dias, seu o corpo tem uma demanda maior de energia, o que faz com ele mame ou coma mais. Essa demanda pode atrapalhar as sonecas diurnas e, principalmente, o sono noturno, já que eles sentem mais fome que o habitual, então acordam mais para mamar.
Nesse pico é comum a mãe que amamenta achar que seu leite é fraco ou não está sustentando o bebê, quando a verdade é que ele está precisando de mais calorias e por isso mama mais.
É importante ressaltar para a mãe que tanto os saltos de desenvolvimento como picos de crescimento são uma fase esperada e que, como toda fase desenvolvimento, tem data de início e de fim, com consequente melhoria do padrão do sono. Uma mãe calma e já ciente disso tem menor chance de criar maus hábitos de sono nesse período, assim como tem menor chance de desistir da amamentação pela maior demanda, sabendo que ela é passageira.
Angústia da separação
Quando o bebê nasce, ele não se vê como indivíduo e sim como parte contínua da mãe. Como se os dois fossem um só. Essa sensação geralmente dura até o 6-8o mês de vida, mas pode durar menos em alguns casos, como quando a mãe volta ao trabalho antes desse período.
Se a mãe sai do campo de visão do bebê ele não consegue entender que logo ela voltará e imagina que ela se foi para sempre. Nessa fase o bebê fica mais demandante e ela interfere diretamente no sono, tanto noturno, quanto nas sonecas.
É válido lembrar que, como toda fase de desenvolvimento do bebê, isso vai passar. Os pais estarem preparados e cientes que ela pode ocorrer ajuda muito no manejo desse bebê. Outro ponto importante é que bebês reagem de maneiras diferentes nessa fase, uns sentem mais, outros nem tanto.
Algumas orientações para os pais para que essa fase seja mais tranquila:
- Conversar bastante com o bebê;
- Dar um intervalo entre o chamado do bebê (choro) e sua resposta (intervalo curto);
- Fazer separações básicas ao longo do dia como, por exemplo, brincar de esconde e acha;
- Se vai iniciar o trabalho um período antes (15-25 dias) iniciar o processo de separação gradualmente;
- Já na fase de trabalho sempre se despedir do bebê, para que ele entenda que a mãe vai, mas logo volta;
- Ao chegar do trabalho, tirar um tempo para a mãe e o bebê. Vai fazer bem para o bebê e, com certeza, para a mãe também;
- Ter um objeto de transição se desejado.
Sinais de sono
Não existem bebês que não gostem de dormir e que não precisam dormir. O que existem são bebês com dificuldade para dormir porque não sabem como fazê-lo.
Alguns sinais que os bebês fazem:
• Bocejam;
• Fazem barulhinhos;
• Escondem o rosto no peito da mãe;
• Esfregam os olhinhos;
• Puxam as orelhas;
• Esfregam as mãos no rosto;
• Demonstram menos coordenação de movimentos;
• Perdem interesse pelos brinquedos;
• Se movem para frente e para trás.
Um dos maiores erros é colocar o bebê para dormir quando ele estiver já exausto. Muitos bebês estão tão cansados que não conseguem pegar no sono e ficam irritados então, assim, os pais confundem e acham que o bebê não gosta de dormir.
O ideal é colocar o bebê para dormir antes de estar bem cansado. Já logo no primeiro sinal a mãe deve começar a preparar o ambiente, pode ser uma soneca ou o sono noturno.
Depois de 10/15 minutos que o bebê tenha apresentado o primeiro sinal ele já começa a ficar impaciente.
Soneca
Qual o tempo ideal de soneca para cada bebê?
Mínimo 1 hora. Primeiros 20-30 minutos o bebê está no sono superficial.
Ideal tirar soneca até 4-5 anos.
Entender as necessidades de sono diurno da criança pode ser mais confuso do que entender as do sono da noite. E isso se torna mais difícil ainda se o seu bebê tiver cólicas e/ou refluxo, estiver na fase de dentição, resfriado, febre, tomou vacina ou qualquer outro evento diferente. Fica fácil confundir os sinais de sono com os desconfortos que os bebês sentem. Por isso é necessário estar sempre atento a qualquer mudança de comportamento.
Abaixo cito tempo aproximando. Lembrando que bebês não são números e varia com cada rotina.
1 mês: Dorme durante a noite 8-10h e tem de 3-4 sonecas durante o dia.
3 meses: Dorme durante a noite 10-11h e tem de 3-4 sonecas durante o dia.
6 meses: Dorme durante a noite 10-11h e tem 2 sonecas durante o dia.
9 meses: Dorme durante a noite 11-12h e tem 2 sonecas durante o dia.
12 meses: Dorme durante a noite 11-12h e tem de 1-2 sonecas durante o dia.
Acorda 1-2 vezes a noite
18 meses: Dorme durante a noite 11-12h e tem 1 soneca durante o dia. Nesta transição para uma soneca as vezes a criança aumenta o tempo dessa soneca única.
2 anos: Dorme durante a noite 11-12h e tem 1 soneca durante o dia.
3 anos: Dorme durante a noite 11h e tem 1 soneca durante o dia.
4-5 anos: Dorme durante a noite 11h e 0 soneca durante o dia.
Oriento que se possível a última soneca seja realizada até as 16 horas. Ideal não passar de 17 horas. Até 3 meses de vida pode fazer sonecas qualquer horário.
Se acordar irritado e chorando deve dormir mais. Se está dormindo muita tarde deve ir acordando mais cedo da soneca. Oriento ir diminuindo 15 minutos por dia.
As sonecas devem ser feitas no berço?
Depende. O ideal é diferenciar do sono noturno o ritual e a claridade. Idealmente deve fazer a soneca em ambiente diferente do sono noturno.
Como prolongar a soneca?
Colocar para dormir no primeiro sinal de sono. Observar o ambiente. Se dorme muito estressado dorme menos. Observação e interferir no sono do bebê. Se sabe que acorda com 20 minutos, comece a observar antes e quando começar a acordar já interfere: fazer um xixixi, tocar no bebê, mexer o berço.
Como é o sono dos bebês e das crianças?
Na infância, há uma variação no ritmo de sono variando com a idade e fase de desenvolvimento. Para melhor compreensão, será apresentado o padrão de sono normal de acordo com cada faixa etária:
Recém-nascido:
1. Chamado “come e dorme”, o bebê tem tempo de sono superior a 16 horas;
2. O bebê relaciona a mamada ao momento de iniciar o sono;
3. Até o terceiro mês, a produção de melatonina é irregular;
4. Os despertares costumam ser curtos durante o dia e a noite.
5. O sono inicia-se pelo sono REM ou sono ativo e corresponde a 50% do total de sono;
6. Basicamente, o sono é dividido em sono ativo e sono tranquilo.
Lactente (03 – 12 meses):
1. Gradualmente, começa a se estabelecer uma fase de sono noturna mais longa;
2. As sonecas diurnas podem somar de três a quatro horas;
3. O bebê começa a responder a estímulos externos que vão regular o sono, como exposição à luz solar, horários de alimentação e diversão;
4. Começa a apresentar despertares durante a noite;
5. A partir dessa época, a criança inicia o sono pela fase Não-REM.
Pré-escolar (01 – 03 anos)
1. Redução de sonecas diurnas;
2. Podem apresentar resistência em ir para cama;
3. Fatores socioambientais passam a ter maior importância;
4. Necessidade de reforçar a rotina de sono.
Escolar (03 – 05 anos)
1. Período noturno de sono estabelecido;
2. Uma ou nenhuma soneca diurna;
3. Ritmo biológico de sono vai se aproximando do padrão do adulto.
Eletrônicos antes de dormir?
A luz azul emitida por essas telas pode atrasar a liberação de melatonina, aumentando o estado de alerta e reiniciando o relógio interno do corpo (ou ritmo circadiano). Quando as pessoas leem um dispositivo emissor de luz azul (como um tablet, por exemplo) à noite, levam mais tempo para adormecer, tendem a ter menos sono REM e mais sonolência diurna, mesmo após horas de sono. Até os 2 anos a exposição deve ser zero.
A introdução alimentar pode interferir no sono?
Toda mudança na vida e rotina do bebê pode trazer comprometimentos ao sono. A introdução alimentar é um momento de grande mudança e, por vezes, o bebê já com uma rotina bem ajustada e padrão de sono excelente tem recaídas nesse momento, principalmente no sono noturno.
Ao mesmo tempo, crianças que, por vezes, já não estavam se sentindo satisfeitas somente com a alimentação líquida acabam sentindo menos fome durante a noite, por se alimentarem de comida pastosa durante o dia, e, como consequência, acabam apresentando melhoria do padrão do sono após a introdução alimentar.
Quando a criança apresenta muitos despertares noturnos para mamar, devemos sempre checar como está a alimentação da criança durante o dia. Às vezes essa criança não está se alimentando bem durante o dia e sente fome à noite. O contrário também ocorre, a criança que mama muito a noite tem menos fome durante o dia, o que pode comprometer seu desenvolvimento.
Amamentação pode interferir no sono?
Muitas vezes os pais não conseguem diferenciar o que de fato está acontecendo e assim, diante dos incômodos apresentados pelo bebê, sofrem sem qualidade de vida.
Quando a mãe entende o processo e dele se apropria, compreende que o choro pode ser de qualquer outro desconforto, inclusive a falta de algum hábito e o maior deles, que influencia na qualidade do aleitamento, é o hábito de sucção. Com a correta compreensão do processo, a mãe saberá inclusive identificar qualquer disfunção com a sua produção de leite.
Se o bebê mama a cada hora ou trinta minutos podemos pensar:
1) na associação para dormir ou aliviar dores abdominais, por exemplo;
2) em fome, por não receber nenhum reflexo de ejeção que garanta maior aporte calórico.
Quaisquer das duas opções refletem uma mamada ineficiente a qual irá refletir também na qualidade de sono do bebê que acorda de hora em hora por exemplo.
O ideal seria não criar associações de sono com a sucção, sendo difícil nos primeiros 3 meses de vida.
Os bebês recém-nascidos mamam mais vezes, vão ao seio com maior frequência, pois mamam pouca quantidade. Importante inclusive, que assim o faça, para melhorar seu padrão mecânico de sucção e deglutição, bem como, adequar a produção de leite da mãe.
A cada vez que o bebê vai ao seio da mãe para mamar quando recém-nascido, ele melhora seu padrão de mamada.
Até quando é normal mamar na madrugada?
O que devemos observar é com que frequência esse bebê está mamando. Exemplo: um bebê de 6 meses não é mais um recém-nascido e não tem a necessidade de acordar para mamar a cada 2/3 horas, mas isso não quer dizer que esse bebê não precise de uma mamada na madrugada.
Algumas famílias relatam que seus filhos sentem fome mesmo. Quando isso acontece é provavelmente porque essa criança não está se alimentando bem durante o dia, principalmente no almoço e jantar, e com isso a noite o corpo acaba pedindo mais calorias e então realmente esse bebê vai mamar algumas vezes na madrugada. Nesse caso para as crianças que estão em introdução alimentar o ideal é trabalharmos na alimentação do dia para corrigirmos as madrugadas com vários despertares.
As vezes existe também apenas o hábito de mamar, e então nesses casos podemos ajudar o bebê a mudar esse hábito.
É necessário acordar o bebê para mamar e trocar fralda?
Se o bebê está ganhando peso, crescendo e se desenvolvendo bem não há necessidade de acordá-lo. Mas vale lembrar que durante a noite a produção de leite é maior, e quando a mãe decide não amamentar à noite porque seu bebê está dormindo bem, há riscos de redução na produção de leite.
Quanto à troca de fralda, é indicada apenas quando há fezes ou no inverno pois a urina na fralda fica gelada e isso faz com o que o bebê desperte com mais facilidade, e claro se estiver muito cheia para não vazar e despertar o bebê.
Lembrando que para trocar a fralda não há necessidade de despertar o bebê por completo. Isso para todas as idades.
Precisa desmamar para dormir melhor?
Não há necessidade de desmamar para dormir melhor! Apenas tirar a associação de peito para dormir, e isso fazemos através da “repetição”.
A mãe pode continuar amamentando para alimentar seu bebê, mas precisa evitar com que adormeça no seio.
Oriento que se possível não coloque o bebê para mamar logo na hora de dormir, e sim uns 20/30 minutos antes, assim ela garante que não precisa ir para o seio e não corre o risco de adormecer mamando.
Quando o bebê vai dormir a noite inteira?
O ciclo de sono de uma criança está relacionado ao seu cotidiano de alimentação, temperatura corporal, hábitos, rotina e descargas hormonais, para então orientar e tranquilizar os pais.
Os bebês menores (0 até 3 meses) tendem a adormecer no decorrer das mamadas, já que o esforço é grande e eles ficam cansados, e claro, esse bebê por muitas vezes acaba adormecendo mamando, e ao despertar precisa mamar novamente para conseguir voltar a dormir!!! Por isso a maior queixa é “meu bebê acorda de hora em hora para mamar”.
Na verdade, ele acorda de hora em hora para voltar a dormir e não necessariamente para se alimentar.
O segundo é entender que os bebês não acordam apenas para se alimentar, acordam por frio, calor, fralda suja, fralda apertada, desconforto abdominal, saltos de desenvolvimento, por insegurança, por estresse tóxico, e principalmente por questões neuronais e por sua produção de melatonina ser irregular ainda.
O terceiro é que os bebês (principalmente maiores de três meses) precisam de rotina!
Crianças maiores de 2 anos
Temos uma grande questão nas crianças nessa idade que é a insônia comportamental por falta de limites.
O trabalho vai muito além da mudança de rotina e hábitos, chegando num âmbito comportamental mais intensamente dessa família.
Num primeiro momento precisamos entender 2 coisas:
Crises de birra irão acontecer independente da personalidade da criança.
Como os pais lidam com a crise de birra e no dia a dia também com a criança vai depender em que modelo parental eles se enquadram.
Por que eles não dormem?
- Razões médicas: refluxo, apneia obstrutiva do sono, infecções agudas.
2- Fome: um bebê com fome realmente vai lutar para dormir. Certifique-se que o bebê está se alimentando bem durante o dia e recebendo todas as calorias necessárias “durante o dia” para que o corpo não venha pedir essa caloria durante a noite.
3- Desconfortos abdominais: Tomar leite muito rápido as vezes faz com que o bebê engula ar e isso pode causar cólicas no bebê, ou mesmo a introdução de novos alimentos faz com que alguns desconfortos venham a surgir, por isso a introdução deve ser feita devagar.
4- Cansaço: Uma vez que o bebê está muito cansado ele produz hormônios do estresse, como cortisol e adrenalina. Esses hormônios destroem a sua capacidade de dormir e de emendar os ciclos de sono. Por isso segurar o sono não é a melhor opção.
5- Superestimulado: Muitas vezes quando não dormem bem é porque estão “Superestimulados.” Saber quais atividades, em que momento fazer e quanto tempo estimular faz toda a diferença.
6- Falta de estímulos: Os bebês precisam também de estímulos visual durante o dia, como um passeio e mudança de cenário para acalmar seu sistema nervoso central. Você já percebeu que quando você leva um bebê chorando lá fora ele para de chorar? Isso indica falta de estímulo visual e essa falta faz com que eles não durmam bem.
7- Não consegue dormir sozinho: Muitas vezes eles precisam de nossa ajuda, e sem querer criamos associações de sono como, dormir mamando, balançando, ou no colo.
8- Ambiente de sono não adequado: Local limpo e organizado, temperatura, luz, coisas desse tipo interferem bastante no sono do bebê. Alguns bebês dormem bem em qualquer situação, porém alguns são mais sensíveis e por isso podem precisar de um ambiente perfeito!
9- Rotina não apropriada: Sim a rotina é fundamental para um sono de qualidade. Porém a rotina precisa estar apropriada para cada faixa etária respeitando também o limite e necessidade de cada bebê.
10- Hora de dormir: Saber quando colocar o bebê para dormir é a chave para que não durmam estressados e para que não lutem contra o sono.
• Ritmo circadiano: popularmente conhecido como relógio biológico, o ritmo biológico depende de pistas temporais para determinar a liberação de hormônios e substâncias relacionadas ao sono, que incluem exposição ao sol, prática de atividade física, horários de alimentação, entre outras.
• Temperatura ambiente: durante o sono, há diminuição da temperatura corporal. Com isso, há duas situações possíveis. No inverno, agasalhar-se adequadamente evita uma diminuição maior dessa temperatura, prejudicando o sono. Durante o verão, garantir uma temperatura mais amena (banho frio, condicionadores de ar) ajuda a iniciar o sono.
• Sono prévio: dormir muito durante o dia ou pouco na noite anterior podem influenciar o sono.
• Medicamentos: alguns medicamentos podem causar dificuldade para iniciar o sono e outros sonolência excessiva. Além do mais, há drogas capazes de inibir fases e estágios do sono. Outras, podem até provocar pesadelos.
• Doenças: pessoas que tem diagnóstico de depressão, ansiedade, doenças que causam dor crônica, entre outras, podem ter a qualidade de sono comprometida. Tratar a causa da doença é fundamental para tornar as noites mais agradáveis.
Privação do sono
Muitos pais, com frequência, acreditam que o seu filho tem um sono de má qualidade e que não há nada que possam fazer quanto a isso.
Esses pais se sentem imensamente frustrados, impotentes, aborrecidos e irritados. Levantar da cama repetidas vezes e perder uma grande parte do sono faz com que as atividades durante o dia sejam prejudicadas. Além do que, a disposição e a interação com a criança durante o dia estarão cercadas de frustração e fadiga.
Privação de sono crônica faz:
- o humor piorar;
- provoca falhas na coordenação motora;
- diminui o raciocínio;
- diminui a resistência a infecções e
- favorece o ganho de peso.
Em geral, crianças com falta de sono podem apresentar principalmente na fase pré-escolar:
1- Irritabilidade e impulsividade;
2- Falta de atenção e concentração;
3- Desânimo, desmotivação;
4- Baixa tolerância à frustração;
5- Cansaço, apatia e esgotamento;
6- Deficiência de memória;
7- Falta de autocontrole e de atenção;
8- Baixo rendimento motor e diminuição dos reflexos;
9- Dores de cabeça;
10- Propensão a acidentes.
O sono de crianças especiais pode ser diferente?
Toda criança, independente da condição, precisa dormir bem! O sono é fisiológico e essencial para o bom desenvolvimento do bebê e da criança!
Em crianças especiais não é diferente, mas é necessário se atentar para alguns pontos que podem piorar o sono dessas crianças. Algumas deficiências e transtornos podem impactar na produção dos hormônios, afetando também a secreção da melatonina, deixando-a desregulada e podendo influenciar na qualidade do sono. Outro ponto que pode impactar no sono é o ambiente. Algumas crianças têm muita sensibilidade ao barulho ou luminosidade, por menor que seja, e pode não conseguir dormir por causa disso. Para essas crianças, o ideal é manter um ambiente limpo, sem estímulos, sem barulho e com pouca iluminação, para que ela possa se concentrar no sono.
Algumas crianças com deficiências motoras e neuronais, podem apresentar outras dificuldades de sono, como por exemplo os distúrbios respiratórios que atrapalham diretamente a qualidade do sono, podendo fazer com que essas crianças e bebês acordem diversas vezes a noite e tenham dificuldade em manter o sono.
Em alguns casos também podem existir medicamentos que interferem ou causam efeitos colaterais que irão mexer no sono, e deixar o bebê ou criança com maior agitação, como por exemplo alguns medicamentos para epilepsia, déficit de atenção e refluxo gastroesofágico. Em todos os casos, uma boa rotina, ambiente ideal, irão fazer diferença na qualidade do sono dessas crianças.
Síndrome do espectro autista
Os transtornos de sono em autistas estão associados a mais prejuízos diurnos, piora de comportamentos estereotipados, hiperatividade e menor interação social.
Os autistas tendem a ser mais ansiosos e isso aumenta a latência para o início do sono.
Como a febre pode interferir no sono?
Na febre, temos uma quebra muscular em todo o corpo o que acarreta em dor e mal-estar, causando assim um desconforto e carência que podem atrapalhar na qualidade do sono.
Mesmo durante um quadro febril ou processo infeccioso não se faz necessária a cama compartilhada no sentido de vigia mais intensa da mãe.
Durante a febre e processos infecciosos é muito comum a instalação de maus hábitos no sono, devendo os familiares ou cuidadores ficarem atentos nesse período com as mudanças que depois terão dificuldade em contornar (cama compartilhada, dar peito mais frequentemente, acordar muitas vezes para medir a temperatura).
Como as alergias podem interferir no sono?
As alergias causam desconfortos como: dores, coceiras e mal-estar. Devido a essas questões as crianças podem ter dificuldade para manter o sono, e as vezes para adormecer também.
É necessário fazer o acompanhamento com o médico especialista para alívio dos sintomas, e evitar os maus hábitos durante a fase aguda da doença.
Crianças podem ter apneia do sono?
A resposta é sim. A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é uma obstrução parcial ou completa da via aérea, causando pausas respiratórias durante o sono, comprometendo sua qualidade. O ronco é uma manifestação sonora do quadro. Geralmente, causa angústia nos pais em função das prolongadas e frequentes paradas na respiração da criança. O pico de ocorrência é entre os 3 a 6 anos, principalmente em meninos. Porém, não é raro encontrar em menores de 2 anos.
Deve se desconfiar que uma criança tenha AOS quando:
1. Apresentar ronco;
2. Pausa na respiração durante o sono;
3. Respiração pela boca;
4. Alteração de comportamento (agitação, falta de atenção, agressividade);
5. Durante a pausa respiratória, a criança pode ficar roxa (cianose);
6. Atraso no crescimento;
7. Mau aproveitamento escolar;
8. Sono excessivo durante o dia;
9. Alteração dentária;
10. Sono agitado.
A criança que tem suspeita de apresentar AOS deve ser avaliada o mais breve possível pelo médico (pediatra ou otorrinolaringologista), independentemente da idade. Quando mais precoce for o tratamento, menores serão as repercussões no seu desenvolvimento físico e intelectual.
O mais importante é que há tratamento, garantindo boas noites de sono e qualidade de vida.
Uma criança não tratada será um adulto com distúrbios respiratórios do sono.
Quais são os principais distúrbios do sono na infância?
Os distúrbios do sono são conhecidos pelo nome de Parassonias e correspondem a comportamentos que acontecem durante o sono, relacionados ou não com episódio de despertar. Podem ocorrer no sono não-REM (mais comuns) e sono REM. Costumam ser mais frequentes na criança pequena e diminuem com o crescimento. Ao final da adolescência, somente 1% dos indivíduos apresentarão episódios esporádicos destes distúrbios.
Principais distúrbios do sono Não-REM são:
Sonambulismo
A criança se senta na cama, levanta e anda pelo quarto ou pela casa. Pode até mesmo conversar enquanto dorme. Acomete cerca de 30% das crianças. Ações mais complexas como comer, tomar banho ou andar de bicicleta foram descritos na literatura médica, mas são extremamente raros. Importante orientar os pais sobre situações em que a vida da criança sofra riscos: escadas, acesso a cozinha, janelas, entre outros.
Despertar confusional
Ocorre em cerca de 40% das crianças pequenas. O despertar confusional pode ocorrer em lactentes, pré-escolar e escolar. São episódios com duração média entre 5-15 minutos, caracterizados por choro, gritos, agitação motora e confusão, que pioram gradualmente, até cessarem de forma espontânea. A intervenção dos pais na tentativa de interromper o processo parece fazer com que este se prolongue. Pode demorar a retomar o sono após o fim do episódio.
Terror noturno
Ocorre em crianças maiores e em adolescentes, inicia de forma abrupta, com choro, gritos, olhos abertos, taquicardia, midríase, sudorese, a expressão facial é de medo intenso, a criança pode saltar da cama e correr sem direção. Os episódios são de curta duração (um minuto) e existem sérios riscos da criança se machucar, batendo contra móveis e/ou janelas. Embora pareça terrivelmente assustado e com medo, o menor volta a dormir e não lembra do ocorrido na manhã seguinte.
Quais são os sinais do terror noturno?
- Aparência de assustado ou desorientação;
- gritos ou choro;
- balbucio ou fala que não faz sentido;
- falta de reconhecimento quando você tenta confortá-lo;
- ausência de memória do que aconteceu.
O que fazer na hora do terror noturno?
É claro que o primeiro instinto vai ser tentar acalmar a criança, mas é bem possível que nada que você faça adiante (afinal, ele está dormindo). O que oriento fazer é ficar por perto para garantir que ele não se machuque, não adianta pegar no colo ou falar com a criança isso pode até prolongar o episódio. Após alguns minutos a criança se acalma e volta a dormir.
Console-se ao saber que pelo menos ele não vai lembrar de nada depois.
Colocar a criança para dormir com os pais não é a melhor opção. Não resolverá o problema e a criança pode desenvolver outra insegurança, a de dormir sozinha.
Há algo que eu possa fazer para evitar que o terror noturno aconteça?
Algumas coisas podem contribuir para a diminuição dos episódios:
- Veja se ele está dormindo o suficiente. Crianças que ficam cansadas demais têm mais tendência a passar por terrores noturnos.
- Observe as mudanças na vida da criança para ver se algo afetou sua insegurança ou ansiedade.
Principais distúrbios do sono REM:
Pesadelos
A criança acorda ansiosa, com coração e respiração acelerados e pode se lembrar de parte do conteúdo dos sonhos. Os pesadelos fazem parte do desenvolvimento da capacidade de imaginação e fantasia da criança. Tornam-se preocupantes se forem repetitivos e perturbarem o dia a dia da criança, necessitando de investigação médica.
Criança pode apresentar insônia?
Sim. É a queixa mais frequente de pais de crianças em idade escolar. Em lactentes, geralmente é um problema nas rotinas do sono. Nas crianças maiores, costuma ser causada por falta de estabelecimento de limites. Nos adolescentes, as maiores causas são problemas no ritmo biológico criados pelo seu estilo de vida.
As rotinas inadequadas para adormecer incluem o ambiente, o horário ou atividades prévias inadequadas antes do horário de dormir. Também fazem parte destas rotinas inadequadas as associações para dormir, como, por exemplo, colocar o lactente em seu berço já adormecido, acalentá-lo até dormir em contato físico com ele, no colo ou na cama dos pais, ou através do uso de chupetas ou mamadeiras.
Essas crianças aprendem a associar o início do sono a alguma forma de intervenção dos pais e se tornam inaptas em adormecer por conta própria. Nas crianças maiores e adolescentes, associações danosas são a televisão e o uso de eletrônicos como smartphones e tablets.
A queixa de insônia ou recusa de iniciar o sono é geralmente trazida de forma dramática pelos pais, que sempre dão maior ênfase à pior noite, e não à rotina das noites. É fundamental para o diagnóstico estabelecer como é a rotina da criança dentro das 24 horas, incluindo todas as atividades e intervenções dos pais ou, se for o caso, da babá.
As principais causas que comprometem o sono das crianças são:
• Problemas médicos: geralmente causam insônia de forma aguda, mas por tempo limitado à duração da doença. Entre os problemas físicos, destacam-se as doenças respiratórias, febre, otite, traumatismos, início da dentição, alergia ao leite, refluxo gastroesofágico, entre outros.
• Ansiedade e medo: no lactente a partir dos 08 meses, pode ocorrer a ansiedade da separação. O lactente pode apresentar variados graus de stress ao ser separado da mãe, acarretando dificuldades para iniciar o sono. Nas crianças entre 2-3 anos é mais comum o medo. O medo de ficar sozinho pode estar associado a filmes ou histórias, ao fato de presenciar brigas entre os pais, ou a qualquer outro evento amedrontador, ou menos frequentemente, a um problema psicossocial da própria criança.
• Hábitos e associações: Algumas crianças que necessitam usualmente de diversos estímulos para iniciar o sono, tais como serem embaladas, receber batidas nas costas, ficar no colo dos pais, ao passarem por estes períodos normais de despertar requerem as mesmas medidas indutoras de sono, necessitando do envolvimento dos pais.
• Dificuldade no estabelecimento de rotina de sono: Um dos problemas mais frequentes é o estabelecimento do horário de dormir antes da hora adequada, em período de intensa agitação, o que faz com que a criança permaneça deitada sem sono (porque dentro do seu ritmo interno é cedo para ter sono).
Em todos os casos, todos os familiares devem ser orientados a uma boa higiene do sono, que são medidas que visam determinar uma rotina e criar um ambiente favorável à ocorrência do sono. É um conjunto de ações que pretendem estimular o aumento da qualidade dos momentos dormindo.
A higiene do sono deve fazer parte de nossas vidas, da mesma forma que a higiene do corpo.
Sabe-se, atualmente, que o sono não acontece sem uma adequada construção durante o dia e antes do horário de dormir.
Fonte:
Nelson. Tratado de Pediatria. Robert M. Kliegman et al. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014
Tratado de pediatria da SBP terceira edição (capítulos de refluxo, saúde mental, aleitamento materno e segurança).
Livro puericultura- Dr José de Lins Pessoa- 2013 (páginas 135-149)
VÍDEOS
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